São estes tempos

Tenho dias de muito escrever
inspiração é fruto abundante para se colher.
As palavras tomam sua forma
viram poema para aquele que muito ama,
alegram ao que estava triste,

meu coração transborda.

Em outros, nada parece fluir.
Dias de tantos sentimentos querendo emergir
e tão presos no sufoco,
como um grito que não sabe sair.

Sem as certas palavras me vejo.
Me pego e praguejo.

Como pode a arma minha falhar,
nos dias de caçar e afugentar
uma solidão que eu não procuro
e que não se cansa de me encontrar?

São nestes tempos em que me faço querer
tanto e tanto aprender
como faço pra nessas linhas esconder
a angústia e a saudade
por não conseguir te esquecer.


As cores

Eu tive todas as cores que poderia ter.
Eu tive o azul.
Do céu que pintou nossos dias de primavera.
De primavera de deitar na grama.
De ser feliz numa realidade insana.

Eu tive o verde.
Dos teus olhos, que são sem explicação.
Palavras só poderiam explicar,
se fossem em forma de canção.

Eu tive o marfim.
Que era a pele tua a refletir os tons de Sol
que atravessavam minha janela
e tingiam tuas formas de luz.

Eu tive o dourado.
Dos fios de cabelo, que
repousaram no meu travesseiro.
O dourado das alianças que não uniram duas metades
mas sim, dois mundos inteiros.

Eu tive todas as cores e de cada uma delas poderia falar.

Mas a única que me resta não é nem ao menos uma cor,
é a translúcida lágrima que não encontra o seu cessar.
De todas as cores que eu tive, nenhuma delas foi suficiente.
Nem mesmo para expressar,
Quão incríveis os tons da vida que me deste
Todos os dias por me amar.





Cinzas

Não fomos.
Não viremos a ser.
Fomos feitos unicamente,
para nos esquecer.